Autoconfiança
Não te fies no tempo nem na eternidade que as nuvens me puxam devagar que os ventos me arrastam contra o desejo Apressa-te, amor, que amanhã eu morro, que amanhã morro e não te vejo! Como será morrer de velhice, de acidente ou de doença, morrerei sim, Senhor, de indiferença Da indiferença deste mundo onde o que se sente e o que se pensa não tem eco, na ausência imensa Na ausência, areia movediça onde se escreve igual sentença Não demores tão longe, em lugar tão secreto, nácar de silêncio que o mar comprime, ó lábio, limite do instante absoluto! Apressa-te, amor, que amanhã eu morro, que amanhã morro e não te escuto! Salva-me, Senhor, do horizonte sem estímulo ou recompensa onde o amor equivale à ofensa. De boca amarga e de alma triste sinto a minha própria presença num céu de loucura suspensa. Já não se morre de velhice nem de acidente nem de doença só de indeferença Aparece-me agora, que ainda reconheço a anêmona aberta na tua face e em redor dos muros o vento inimigo... Apressa-te, amor, que amanhã eu morro, que amanhã morro e não te digo...
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Não te fies no tempo nem na eternidade que as nuvens me puxam devagar que os ventos me arrastam contra o desejo Apressa-te, amor, que amanhã eu morro, que amanhã morro e não te vejo! Como será morrer de velhice, de acidente ou de doença, morrerei sim, Senhor, de indiferença Da indiferença deste mundo onde o que se sente e o que se pensa não tem eco, na ausência imensa Na ausência, areia movediça onde se escreve igual sentença Não demores tão longe, em lugar tão secreto, nácar de silêncio que o mar comprime, ó lábio, limite do instante absoluto! Apressa-te, amor, que amanhã eu morro, que amanhã morro e não te escuto! Salva-me, Senhor, do horizonte sem estímulo ou recompensa onde o amor equivale à ofensa. De boca amarga e de alma triste sinto a minha própria presença num céu de loucura suspensa. Já não se morre de velhice nem de acidente nem de doença só de indeferença Aparece-me agora, que ainda reconheço a anêmona aberta na tua face e em redor dos muros o vento inimigo... Apressa-te, amor, que amanhã eu morro, que amanhã morro e não te digo...
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