Autoconfiança

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27 Jul 2021

Não te fies no tempo nem na eternidade  que as nuvens me puxam devagar que os ventos me arrastam contra o desejo Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,  que amanhã morro e não te vejo!  Como será morrer de velhice, de acidente ou de doença,  morrerei sim, Senhor, de indiferença Da indiferença deste mundo  onde o que se sente e o que se pensa  não tem eco, na ausência imensa Na ausência, areia movediça  onde se escreve igual sentença  Não demores tão longe, em lugar tão secreto,  nácar de silêncio que o mar comprime,  ó lábio, limite do instante absoluto!  Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,  que amanhã morro e não te escuto!  Salva-me, Senhor, do horizonte  sem estímulo ou recompensa  onde o amor equivale à ofensa.  De boca amarga e de alma triste  sinto a minha própria presença  num céu de loucura suspensa.  Já não se morre de velhice  nem de acidente nem de doença só de indeferença Aparece-me agora, que ainda reconheço  a anêmona aberta na tua face  e em redor dos muros o vento inimigo...  Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,  que amanhã morro e não te digo...

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Não te fies no tempo nem na eternidade  que as nuvens me puxam devagar que os ventos me arrastam contra o desejo Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,  que amanhã morro e não te vejo!  Como será morrer de velhice, de acidente ou de doença,  morrerei sim, Senhor, de indiferença Da indiferença deste mundo  onde o que se sente e o que se pensa  não tem eco, na ausência imensa Na ausência, areia movediça  onde se escreve igual sentença  Não demores tão longe, em lugar tão secreto,  nácar de silêncio que o mar comprime,  ó lábio, limite do instante absoluto!  Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,  que amanhã morro e não te escuto!  Salva-me, Senhor, do horizonte  sem estímulo ou recompensa  onde o amor equivale à ofensa.  De boca amarga e de alma triste  sinto a minha própria presença  num céu de loucura suspensa.  Já não se morre de velhice  nem de acidente nem de doença só de indeferença Aparece-me agora, que ainda reconheço  a anêmona aberta na tua face  e em redor dos muros o vento inimigo...  Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,  que amanhã morro e não te digo...

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